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Proclamar a palavra: opção preferencial pelos pobres – artigo de Neuza Silveira

A Igreja, para cumprir sua missão de evangelizar, impulsionada pelo Espírito Santo, acolhe, reza a Palavra que salva, escuta os sinais dos tempos, revê práticas pastorais para bem discernir os caminhos que deve percorrer e os desafios que deve superar.

Nas Diretrizes Gerais da Evangelização da Igreja no Brasil encontram-se as urgências que foram identificadas nas assembleias e propostas para que as mesmas sejam concretizadas nos planejamentos das Igrejas particulares. Todas as urgências indicadas devem ser trabalhadas em seu conjunto. De um modo pedagógico essa ação conjunta expressa um grande passo ao qual toda a Igreja é chamada em nossos dias: reconhecer-se em estado de missão, uma missão que provém de Cristo e se encontra ancorada no cerne da mensagem bíblica. Ser missionária é função ministerial da Igreja e traz consigo a expressão da novidade de Jesus e de sua presença contínua através da história.

Uma Igreja em saída nos leva a percorrer um caminho eficaz de evangelização no local de trabalho, nas moradias de estudantes, nas favelas, nos alojamentos dos trabalhadores, nas instituições de saúde, nos assentamentos, nas prisões, junto às pessoas em situação de rua

Nesse sentido, a nossa Igreja particular, ao assumir as urgências da Igreja em seu conjunto, no desejo de que as mesmas contribuam para que a alegria do Evangelho renove nossas comunidades e nos mantenham firmes na missão,  nos convida a assumir como compromisso a Opção preferencial pelos pobres, os que se encontram à margem, nas periferias existenciais.

Uma Igreja em saída, como nos diz o Papa Francisco, nos leva a percorrer um caminho eficaz de evangelização nos vários lugares como: local de trabalho, moradias de estudantes, nas favelas, nos alojamentos dos trabalhadores, nas instituições de saúde, nos assentamentos, nas prisões, junto às pessoas em situação de rua, dentre outros, promovendo uma autêntica evangelização, a partir de Jesus Cristo. Somos chamados a viver o que vivem os demais, mas viver tais realidades de modo cristão.

Fomentando esse processo de evangelização, também se procede  à realização de iniciação á vida cristã, valorizando a experiência de vida de cada pessoa, pequenos grupos, pequenas comunidades, ajudando-os a reconhecerem a própria busca de Deus e a se abrir à sua manifestação e ação salvadora. É a Igreja se fazendo presente nas diversas realidades, junto aos pobres, no desejo de ajudarem as pessoas a fazerem a experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo, compartilhando alegrias e angustias e  caminhando para a construção de uma sociedade fraterna e justa que prenuncie a plenitude do Reino.

Os cristãos são chamados a compartilhar com todo ser humano a boa notícia do banquete do Reino, que foi inaugurado pelo Deus revelado na humanidade de Jesus Cristo. As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angustias  do ser humano de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo. Os acontecimentos da vida de Jesus foi inspiração para os seus discípulos e poderá ser também para nós. Pode nos ajudar a coincidir com os critérios que hão de inspirar e redescobrir nossa identidade própria como seguidores de Jesus, o Cristo ressuscitado.

Hoje, colocamos-nos frente ao desafio de retornar à vida de Jesus, de ler os Evangelhos e de nos reencontrar-nos com o Deus do Reino. Retornar a Jesus significa voltar ao espírito com o qual Ele viveu sua humanidade e, a partir daí, discernir a nossa humanidade. É encontrar Deus onde Jesus o encontrou. É se colocar disponível para o essencial: viver a vida como serviço para que os outros tenham possibilidades de uma existência melhor. O modo como Jesus viveu nos revela que Deus quer a realização plena e feliz da pessoa humana. Assim somo chamados a viver: praticar um discernimento que causa em nós uma mudança de mentalidade para viver a partir da lógica da reciprocidade gratuita.

Neuza Silveira de Souza é Coordenadora da Comissão 
Arquidiocesana Bíblico-Catequética de Belo Horizonte