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Para que esta fumaça toda?

 

                

O verbo incensar, vem do latim, como tantas outras palavras portuguesas. Significa queimar, abrasar. É muito parecida com “incêndio” porque tem a mesma raiz. Utilizamos o termo “incenso” para designar o grão aromático posto sobre brasas, que se espalha no espaço na forma de uma nuvem de fumaça cheirosa.

 

O incenso é utilizado em diversas religiões, sobretudo as mais antigas. No oriente, seu uso tinha a ver com a função de dissimular o mau cheiro, em especial quando se tratava de funerais. Também, utilizava-se com finalidade de proteção contra o mal. Com a modificação dos usos e costumes, o incenso se tornou sinônimo de homenagem.

 

Para nós, cristãos, o uso do incenso tem origem bíblica, como tudo aquilo que é fundamental para a nossa fé. Nos evangelhos encontraremos duas alusões ao incenso. Primeiramente, o uso sacerdotal, ligado ao Templo de Jerusalém. Diante do “Santo dos Santos”, o lugar destinado à guarda da Arca da Aliança, constava um braseiro para aromatização com incenso. Era ofício do sacerdote fazer a troca das brasas e aromas antes ou depois do sacrifício. Lucas narra a anunciação a Zacarias, pai de João Batista, nesse contexto. Esse costume tem suas raízes no Antigo Testamento. Lemos no livro do Êxodo: “Farás também um altar para queimar nele o incenso” (Ex 30,1). Esse altar estava posto diante da “Tenda da Reunião”, onde era guardada originalmente a Arca da Aliança que continha – certamente – as Tábuas da Lei. O rito de queimar incenso era realizado toda manhã e toda tarde, quando se acendessem as lâmpadas. Nesse lugar, que deveria permanecer aromatizado pelo perfume do incenso, o Senhor desceria para dialogar com seu Povo.

 

O outro versículo dos evangelhos que fala sobre o incenso está nos escritos de Mateus. Quando os Reis do Oriente se dirigem a Belém e encontram o recém-nascido; um deles lhe oferece incenso. Uma vez que o incenso queimado diante do altar do Senhor revela o lugar de encontro de Deus com seu Povo e o diálogo que ali se encerra, temos um verdadeiro símbolo de revelação do Deus da Aliança. Interpretando a cena narrada por Mateus com base nessa antiga tradição de Israel, compreende-se que o incenso ofertado – sobretudo como sacrifício aromático – nos faz reconhecer a presença de Deus. Ele vem ao nosso encontro e nos fala. Nós, seu povo, o escutamos e obedecemos. Na cena do evangelho de Mateus, se pode concluir com a oferta de incenso que Deus fala, em Jesus seu Filho.

                

Pe. Márcio Pimentel

Liturgista